quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Carpe Diem

Há muito tempo a frase em latim “Carpe Diem” é discutida nas artes. Colocarei um breve histórico sobre isso:
“Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.



Origem


Esta expressão pode ser encontrada em "Odes" (I,, 11.8) do poeta romano Horácio (65 - 8 AC), onde se lê:


Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi


finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios


temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.


seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,


quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare


Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi


spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida


aetas: carpe diem quam minimum credula postero. Tu não procures - não é lícito saber - qual sorte a mim qual a ti


os deuses tenham dado, Leuconoe, e as cabalas babiloneses


não investigues. Quão melhor é viver aquilo que será,


sejam muitos os invernos que Júpiter te atribuiu,


ou seja o último este, que contra a rocha extenua


o Tirreno: sê sábia, filtra o vinho e encurta a esperança,


pois a vida é breve. Enquanto falamos, terá fugido


ávido o tempo: Colhe o instante, sem confiar no amanhã.


Interpretações


Os defensores do Carpe Diem defendem que o "espírito" da frase pode ser entendido como aproveitar as oportunidades que a vida lhe oferece no momento em que elas se apresentam ou ainda "aproveitar a vida e não ficar apenas pensando no futuro".


Outros, dizem que viver o hoje e não se preocupar com o amanhã é um estilo de vida largamente difundido pela mídia e atrelado aos valores do consumismo e materialismo como meios de obtenção do prazer. Jovens são facilmente seduzidos pela ideologia por serem mais apegados à imagem. O dilema que se apresenta a todo indivíduo "viver o hoje ou se preparar para o futuro?" é bipolar e sempre muito controverso principalmente se aplicado aos dias atuais onde a incerteza de estabilidade e segurança é uma constante na vida das pessoas.


Aos experientes a interpretação varia de acordo com a percepção da vida. Um defensor pode argumentar que "passei tantos anos da minha vida poupando e pensando no futuro pra chegar até aqui e descobrir que não vivi nada" e os críticos "se tivesse me poupado mais, economizado mais, me precavido mais, não teria chegado a essa situação de miséria que me encontro".


Na literatura


Esta idéia foi popular na poesia inglesa nos séculos XVI e XVII, por exemplo, no livro de Robert Herrick, "To the Virgins", na poesia "to Make Much of Time" (para aproveitar o tempo ao máximo), que lê:


"Gather ye rosebuds while ye may


Colha seus botões de rosa enquanto podes).


Também interessantes são os versos atribuídos a um poeta chinês, da dinastia Tang, conhecedor de provérbios bastante parecidos com o que escreveu Herrick:


花開堪折直須折,莫待無花空折枝。


colha a flor quando florescer; não espere até não haver mais flores, só galhos a serem quebrados


O Carpe Diem também está fortemente presente como característica marcante da escola árcade. A retomada à cultura greco-romana implica na presença desse lema árcade. A certeza da fugacidade do tempo e o apelo à fruição imediata dos prazeres, " Colha o dia". Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Percebemos a presença desse lema em um trecho das Liras de Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga:


Que havemos de esperar, Marília bela?


que vão passando os florescentes dias?


As glórias que vêm tarde já vêm frias,


e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.


Ah! não, minha Marília,


aprovei-te o tempo, antes que faça


o estrago de roubar ao corpo as forças,


e ao semblante a graça!


Curta o presente e não pare para pensar no amanhã .tambem pode ser dito como leandro o impredor brasileiro .


No cinema


No filme "A Sociedade dos Poetas Mortos", O personagem de Robin Williams, Professor Keating, utiliza-a assim:


"Mas se você escutar bem de perto, você pode ouvi-los sussurar o seu legado. Vá em frente, abaixe-se. Escute, está ouvindo? - Carpe - ouve? - Carpe, carpe diem, colham o dia garotos, tornem extraordinárias as suas vidas."


Nesta cena do filme o Prof. Keating está em frente a uma galeria de fotos de ex-alunos que formaram na tradicional escola Welton, ele pede para que os alunos se aproximem da galeria para ouvirem o espirito de seus predecessores a dizer: "carpe diem". Na Musica.


Na música


• A banda Metallica, no seu lançamento de 1997, "Reload", apresentou uma música "Carpe Diem Baby", que encoraja o ouvinte a "espremer e chupar o dia" (come squeeze and suck the day / Come Carpe Diem Baby).


• A banda Dream Theater, em seu EP A Change of Seasons, presta uma homenagem à filosofia do Carpe Diem com sua música-título do disco, de 23:06 minutos, incluindo na letra trechos de falas do filme Sociedade dos Poetas Mortos.


• A banda japonesa Yellow Generation possui um CD chamado Carpe Diem,onde a música chamada "Carpe Diem/Ima,kono Shuukan wo ikiru" (Carpe Diem/Agora,vamos viver este momento). No começo do refrão, a frase usada é To the Virgins, to Make Much of Time 命短し恋せよ乙女 (To the Virgins, to Make much of time, Inochi mijikashi, koiseyo otome) (Para as virgens, para aproveitarem o tempo, a vida é curta, portanto, se apaixonem, garotas)


• A banda francesa de rock progressivo Carpe Diem


• A banda brasileira Fresno também possui uma música intitulada Carpe Diem


• A banda brasileira Catedral possui uma música com o título Carpe Diem.


• A banda brasileira Cueio Limão também possui uma música intitulada Carpe Diem."

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Notícia musical!

http://www.abril.com.br/noticias/diversao/stayin-alive-bee-gees-tem-ritmo-bom-massagem-cardiaca-138470.shtml



16/10/2008 - 16:37'Stayin Alive' do Bee Gees tem ritmo bom para massagem cardíaca


Reuters






WASHINGTON (Reuters) - Médicos norte-americanos descobriram que a música "Stayin Alive", sucesso da banda Bee Gees em 1977, possui o ritmo ideal para a realização de uma massagem cardíaca em uma vítima de ataque do coração.






A associação norte-americana do coração recomenda que as massagens cardíacas sejam feitas em um ritmo de 100 batidas por minuto em massagens cardiopulmonares . "Stayin Alive" tem quase o mesmo ritmo, 103 batidas por minuto.






A RCP é uma técnica de emergência que envolve compressões o tórax ou respiração boca-a-boca. Ela é utilizada em situações de parada cardíaca, quando os batimentos cardíacos ou a respiração de um indivíduo param.






A RCP pode triplicar as taxas de sobrevivência em situações de emergência, mas muitas pessoas são inseguras sobre sua aplicação pois não sabem o ritmo adequado para as compressões. Pesquisas mostraram que muitos fazem as compressões muito lentamente durante a RCP.






Em um pequeno estudo dirigido pelo Dr. David Matlock da Faculdade de Medicina da Universidade de Illinois em Peoria, a música "Stayin' Alive" ajudou 15 médicos e estudantes de medicina a aplicar massagens cardíacas em bonecos na velocidade adequada.






Depois de cinco semanas praticando a RCP com o auxílio da música, foi pedido que os participantes realizassem a RCP novamente mentalizando a música, e o bom ritmo das compressões foi mantido.






"O tema 'Stayin' Alive' é muito apropriado para a situação", disse Matlock em uma entrevista na quinta-feira. "Todos já ouviram a música pelo menos uma vez na vida. As pessoas conhecem a música e ela pode ser mentalizada."






As descobertas serão apresentadas neste mês durante um encontro da Academia norte-americana de médicos de emergência em Chicago.

Críticas musicais

Carlos Eduardo Lima, o CEL: crítico musical ao pé-da-letra



Carlos Eduardo Lima, o CEL é um dos críticos musicais mais implacáveis de que já tomei conhecimento. Com ele não tem meio termo: ou o cd é muito bom ou não presta. Em tempos de "politicamente correto", pra mim isso soa como música pros meus ouvidos. Abaixo o rapaz se apresenta. E na seqüência, uma entrevista exclusiva com ele.



"Eu precisei chegar ao oitavo período de Direito para perceber que não queria ser advogado. Precisava escolher uma profissão que me permitisse falar e escrever, bem ou mal, como advogado eu faria isso, mas nunca parei para pensar se aquilo era o que queria fazer. Me formei em Jornalismo pela Uerj em 1997, quatro anos mais velho que a maioria dos meus colegas. Desde o quinto período eu escrevo profissionalmente sobre música rock/pop, principalmente na Rock Press. Comecei no segundo número e passei mais de dez anos por lá. No meio do caminho colaborei com alguns sites como o Scream & Yell e o Bacana. De vez em quando surgem textos meus em blogs e sites de bandas, como o dos Los Hermanos. Até hoje permaneço escrevendo sobre o mesmo tema. Em 2006 escrevi um romance, Vestido de Flor, que obteve sucesso de crítica mas esbarrou na má distribuição. Afinal, é um romance "quase independente". Os leitores do livro, entretanto, me brindaram com as mais queridas demonstrações de carinho e sinceridade. Recebi e-mails que guardo como tesouros. Então, esse sou eu."



Por que você se especializou em ser um crítico musical?

Eu me lembro de ouvir música com certa seriedade já aos sete anos de idade. Em 1985, aos quatorze anos, eu comprava o primeiro número da Revista Bizz. Eu deveria ter notado que minha admiração absoluta pelas reportagens musicais significava que minha vocação estava ali. Mas não notei. Para ser crítico não é preciso escola, não para a criação do que é mais importante no crítico: bom senso.

É preciso saber escrever, ler bastante para enriquecer o seu texto, mas o juízo de valor vem com muitas e muitas audições. Convém ler sobre o assunto, claro, desconfiar do que está escrito, querer ouvir e descobrir coisas por si. Uma boa dica é ouvir o que seus artistas e bandas gostam. Dali você vai chegando em sonoridades inesperadas e formando o gosto musical.



Diante do quadro musical atual, no Brasil e lá fora, o que você acha que tem sido os destaques nas enxurradas de novidades?

Isso é muito relativo. Eu prego que o novo é o que ainda não foi ouvido, independente da cronologia. A música pop é um formato que passa por um esgotamento criativo. Até um certo momento - lá pelos anos 80 - o pop ofereceu novidade, ainda que derivasse de outros estilos. Dos anos 90 para cá, o pop vem sofrendo diluições cada vez maiores, chegando a um ponto inimaginável em que você tem artistas como 50 Cent, Fergie, Simple Plan, Fresno, entre outros, fazendo a cabeça da garotada.

Bem, novidades...

Me surpreendi com o disco de estréia da Nicole Atkins, uma cantora americana que faz um pop/rock com toques de Roy Orbison e Springsteen, cujo som está sendo chamado de "noir pop". Neptune City é o nome do álbum dela. Também gostei do Seventh Tree, o último disco do duo inglês Goldfrapp e do último da Cinematic Orchestra, Ma Fleur.



O que você ouve em casa?

Ouço um monte de coisas. Preciso ouvir novidades para poder escrever sobre elas, mas, para meu prazer auricular, eu fico com Marvin Gaye, Van Morrison, />Beatles e Dylan. Mas isso muda. Tenho ouvido muito os discos setentistas do Santana (principalmente o Borboletta e o Caravanserai), os primeiros trabalhos (até 1972) do Moody Blues, o Seventh Son Of Seventh Son, do Iron Maiden e a edição de luxo do Strangers Almanac, disco de 1997 do Whisleytown, banda que o Ryan Adams integrava até 2000.



Nas suas críticas eu percebo que você é bem enfático em suas opiniões. O que te leva a esse rigor? Já teve que rever algumas delas?

Eu levo a música muito a sério. E acho realmente que a maneira como ela atua em nossas vidas está se transformando para pior. Se temos a facilidade do mp3 de um lado, temos um conseqüente déficit de informações vitais por causa da moleza proporcionada pelos arquivos digitais. Ser enfático nas opiniões é algo que acho importante para o crítico. Ele é (ou deveria ser) uma figura mítica, cuja palavra é decisiva para formar opiniões. Acho que o papel de crítico é muito importante e está banalizado de uns tempos pra cá. E, sim, já revi muitas críticas! O maior exemplo é o quarto disco do Beck, Odelay, de 1996. Eu ouvi umas duas vezes, achei um lixo e resenhei negativamente. Pouco tempo depois, percebi o clima do que o Beck sugeria e vi que havia errado. Acontece.



Quem são os críticos musicais que você admira? E quais os que não gosta?

Admiro algumas pessoas, sim, alguns nem mais escrevem sobre música. O André Forastieri fez verdadeiras obras de arte em forma de crítica enquanto escreveu na Bizz. O Paulo Cavalcanti (ex-Bizz e atual Rolling Stone) é um dos caras que tem maior conhecimento musical do país. Gosto dos textos isentos do Sérgio Martins (Veja), Abonico Smith (Tribuna do Paraná), Antônio Carlos Miguel (Globo) e do Marco Antonio Barbosa (Jornal do Brasil). Gostava do Fábio Massari na MTV. Admiro profundamente o conhecimento do Zeca Azevedo, da Rock Press. E dentre os que eu não gosto posso citar o Jamari França (Globo Online), Thiago Ney (Folha de São Paulo) e qualquer pessoa que escreve em um veículo de comunicação que não tem noção do que está fazendo. Acredite, tem muita gente.



Cite 10 personalidades musicais que determinaram a sua formação.

- Van Morrison

- Marvin Gaye

- Paul McCartney

- Brian Wilson

- Bob Dylan

- Neil Young

- Jorge Ben

- Erasmo Carlos

- Tim Maia

- Roberto Carlos



Cite 10 discos que você fez questão de jogar fora.

Essa é difícil. O "jogar fora" é eufemismo para decepcionar-se com o trabalho do seu artista favorito, parar de ouvir, deletar do computador ou vender no sebo.

- Amensiac, do Radiohead

- Final Cut, do Pink Floyd

- Trans, Neil Young

- Never Let Me Down, do David Bowie

- Undercover, dos Rolling Stones

- Volta, da Bjork

- Acústico MTV, do Lobão

- Hot Space, do Queen

- Supernatural, do Santana

- Ce, do Caetano Veloso



O que acha do jornalismo praticado hoje nas faculdades de comunicação?

Eu sou um nostálgico de 37 anos. O jornalismo de hoje, salvo poucas exceções, não é relevante. Existe apenas para cumprir um papel que não é mais dele, por questões comerciais. Um jornal/revista precisa de dinheiro para existir e acho que a grana sobrepôs-se ao idealismo. Logo, temos um jornalismo comprometido com interesses econômicos num nível muito maior do que eu gostaria. Claro, aliado a isso, temos, cada vez mais, profissionais que não sabem escrever, tanto em nível morfológico como em aspectos semânticos básicos. Erros de português pipocam todos os dias nos jornais. Antigamente, o jornal servia quase como um dicionário quando tínhamos duvidas sobre o modo correto de escrever. Pena.



O que você acha da imprensa musical brasileira?

É refém dessa realidade econômica e estação repetidora das imprensas americana e inglesa, quando o assunto é rock e pop. A capacidade de questionar, de fuçar, de descobrir aspectos novos ou interessantes da música está nos veículos independentes ou nos blogs. De uma maneira geral, editores, repórteres, redatores e todos os envolvidos no oficio de entender música estão presos ao aspecto mercantil da coisa. Enquanto for assim, nada de novo acontecerá e, pior, a estagnação será sempre maior. Falta uma Rádio Fluminense FM, um Jornal do Brasil dos anos 80, uma Folha de São Paulo dos anos 90.



Qual a banda de garagem que fez sucesso, que jamais poderia ter saído da garagem. E por quê?

O Oasis. Começou como uma banda de garagem - no sentido energético do som que fazia, não no rótulo "garage rock" - e foi acrescentando chantillys musicais aqui e ali até chegar no terceiro disco, Be Here Now (1997). Ali foi o limite. Depois foram se transformando em paródia de si mesmos. Eles ainda são uma grande banda de rock, estão devendo um belo disco desde 1998.



Por que, pra determinados críticos musicais, os anos 80 não morreram?

Porque a faixa etária deles é de quarenta anos, logo, suas memórias afetivas estão todas na década de 80 e isso traz conforto. Os que atacam essa visão são os críticos mais jovens, que não viveram a época. É a velha celeuma de mais velho x mais novo. Além disso é bom que tenhamos coisas desse tipo pois a imprensa precisa de assunto e nada melhor que desencavar os velhos ídolos oitentistas para revivals, acústicos MTV, shows ao vivo no interior de São Paulo... O público acompanha. A década de 70 foi a mais rica para a música pop.



Esta solução que algumas gravadoras já estão tomando de produzirem shows e cuidarem das carreiras de seus artistas, é a saída para o buraco em que se meteram?

Ainda não. Provavelmente dará um gás nas finanças mas não resolve o problema. Há departamentos inteiros nas gravadoras - empresas multinacionais com milhares de empregados ao redor do mundo - voltados exclusivamente para a produção de discos. E, ao que tudo indica, o "disco" está com os dias contados, pelo menos como é feito hoje. A solução seria pagar uma mensalidade, taxa, algo assim, e receber os novos lançamentos em mp3 ou CD. Como se fosse TV a cabo ou algo assim. Num caso de

lançamento diferenciado - um box, uma edição de luxo - o assinante pagaria um valor específico, como nos pacotes pay-per-view. Acho que todo mundo ficaria feliz assim.



E quanto ao lançamento do In Rainbows, do Radiohead, de maneira independente e totalmente inusitada, pela internet. Você acha que o "caminho das pedras" é por aí?

Bem, talvez seja. É bom lembrar que o Radiohead fez isso quando estava sem contrato com a Parlophone inglesa. Não sei se eles teriam feito isso sob as penas de um compromisso formal. De qualquer forma eles fizeram história com o In Rainbows e ampliaram a discussão downloads legais x downloads ilegais. O grande lance desse episódio foi dar ao fã a oportunidade de escolher pagar ou não pela obra, deixando o problema moral para o usuário e eximindo a banda da responsabilidade. É como nos tempos antigos: o artista fazia sua obra e não mensurava valor. Eram perspectivas estéticas, não mercantis. Os caras deram um passo à frente, sem dúvida e, ainda por cima, fizeram o melhor disco desde The Bends (1995). Algumas bandas legais já fazem coisas semelhantes em seus sites, como o Pearl Jam e o Marillion, que hoje é uma banda independente e sobrevive dos fãs.



O que acha de movimentos como o Mangue Beat, o rap paulista e o funk carioca?

São legítimos e importantes. O Mangue Beat recolocou o Nordeste no mapa e enfrentou o preconceito que havia, no qual o artista nordestino - exceção para baianos - só sabia fazer frevo e forró. Chico Science e Mundo Livre S/A provaram o contrário e fizeram alguns dos melhores discos da década de 1990.

O rap paulista é interessante, apesar de superestimado. Acho que a temática deles é o mais próximo que chegamos do original americano, ao descrever a vida da periferia e as temporadas na cadeia. O que pega é que os "mano" não têm informação musical para caprichar nas bases e samplear artistas legais do passado, coisa que os americanos fazem magistralmente. A música acaba ficando alijada. O funk carioca é um fenômeno popular muito mais sério do que se supõe. É uma música extremamente pobre, com letras terrivelmente concebidas, mal cantada e que atinge todas as classes sociais. Mesmo que ela seja limada dos palavrões e temáticas explicitas ao sexo e às drogas (nos tais proibidões), todo mundo ouve e sabe pelo menos uma ou duas canções. Eu acho lamentável, fico assustado com o futuro e sinto saudade de Claudinho e Buchecha, o Lennon/McCartney dessa coisa toda.









Na trilha de Veneza by Morgan da Motta.

Arte internacional by Morgan da Motta-ABCA/MG


Em um outro nosso texto, falamos que apesar de esforços


do competente curador geral, o sueco Daniel


Birbaum, o resultado é mais uma Bienal Internacional


de Veneza sofrível, ou seja, muito aquém da curadoria


de Roberto Storr em 2007, a única que deu um upgrade


em termos das edições dos últimos 20 anos.


Enfim, com curadores competentes (leia-se o geral)


e a maioria dos curadores adjuntos pretensiosos,


despreparados e fracos são os focos centrais de tais


insucessos. Contudo, como saldos positivos e principais


estão a restauração do Pavilhão Italiano que,


com seus arquivos e novos espaços, vai funcionar


nos Giardini no decorrer do ano, bem como o Cá


Giustinian que, por conseqüência, de acordo entre o


município de Veneza e a Bienal, retorna como módulo


histórico, completamente restaurado, e vai ser


aproveitado da mesma forma que o Pavilhão Italiano.


Bom para quem puder visitar a Itália neste final de


ano. Enfim, depois de 12 dias visitando os espaços


do Arsenale e do Giardini e o Festival de Cinema,


de maneira prática e objetiva, resta o que sugerimos


visitar até o final da Bienal (22 de novembro) sem


desperdício de tempo e energia. O ideal seria visitar


a exposição na primeira semana da abertura, ou


seja, na primeira quinzena de junho, deixando duas


semanas de setembro só para o Festival de Cinema.


Mas, ainda assim é possível planejar um roteiro de


visitas confortável. No Giardini ficam os pavilhões


dos diferentes países, a começar pelo maior de todos,


o da Itália, seguido doa Estados Unidos, Grã-


Bretanha, França, Alemanha e Espanha. Também lá


são destaques os pavilhões dos países escandinavos.


Em espaços menores estão o Brasil, o Japão, a Coréia,


a Argentina, a Venezuela. O destaque maior no


Pavilhão da Itália sem dúvida, é o alemão Tobias


Rehberger, que se apropriou do espaço da cafeteria


do Palácio das Exposições (Pavilhão da Itália) à fusão


dos móveis com as pinturas pop-art. A proposta


salta aos olhos. Logo em seguida, no Pavilhão dos


Estados Unidos, Bruce Naumann por si só representa


todos os Estados Unidos com seus trabalhos que


envolvem diversas mídias. John Baldessari, outro


norte-americano, também premiado pela contribuição


à arte contemporânea e por sua trajetória, deve


ser visto e revisto no Pavilhão da Itália. No Pavilhão


do Brasil, a única novidade é a bandeira no topo do


mini-pavilhão. Afinal, Luiz Braga e Delson Uchôa


comprometem o Brasil. O que esperar da seleção


feita por Ivo Mesquita, o curador da desastrosa Bienal


do Vazio, o fiasco que foi a última Bienal de São


Paulo? Lygia Pape e Cildo Meireles salvam a pátria


com seus espaços no módulo Arsenale, que vamos


comentar depois do Giardini. “Manhãs Douradas”,


do cineasta canadense Mark Lewis, são imagens


que por si só justificam seu prestígio internacional.


Outro cineasta, Steve McQueen, com seu filme que


mostra o Giardini abandonado e cheio de lixo e entulhos,


usa e abusa do seu poder de síntese e de crítica.


Era o Giardini antes das reformas e que vai ser utilizado


de agora em diante, no decorrer de todo o ano.


Filas e mais filas, meia hora antes de cada exibição,


provam, mais uma vez, como um único artista vale


por uma representação inteira. Finalmente, Dinamarca,


Finlândia, Noruega, e a Suécia, que conquistou


o prêmio de Melhor Curadoria, merecem mais


do que uma visita com seus diferentes módulos e


artistas, num total de 22, começando por Thoa Dolven


Balke, Massimo Bartolini Hernab Bas, Martin


Jacobson, Willian Jones, Terence Kobba, Jani Leinonen,


Klara Liden, Henrik Olesen, Vibeke Slyngstad


e Wolfgan Tillmans. Do Japão, vem Miwa


Yanagi; Grã-Bretanha, com Steve McQueen; Israel,


com Raffi Lavie; Portugal, com João Maria Gusmão


e Pedro Paiva; Principado de Monaco, pela primeira


vez na Bienal, com Philippe Pastor; China, com


Fang Lijun e Zeng Hao e, finalmente, a Espanha,


com Miguel Barceló, e a Venezuela, pelo conjunto


de artistas - Gabriela Croes, Magdalena Fernandez,


Daniel Medina, Antonio Perez, Claudio Perna, Bernardita


Rakos e Antoneta Sosa, compondo a melhor


representação de toda a América Latina.


Presença brasileira no módulo Arsenale


No Módulo Arsenale da Bienal Internacional de Veneza,


atração máxima das artes plásticas em território


europeu, temos brasileiros e alguns estrangeiros radicados


no Brasil nos representando muito bem.


O módulo Arsenale, para nossa alegria e orgulho, começa


com uma instalação da vanguardista brasileira


Lygia Pape, nascida em Nova Friburgo, em 1927 e


falecida no Rio de Janeiro, em 2004. Ela está presente


com “Laços Dourados” e “Formas Quadradas”, graças


ao Projeto Cultural Lygia Pape, com fotos de Paula


Pape e contribuição de colecionadores. Não era de


se surpreender que uma artista tão importante como


Lygia Pape para a arte contemporânea brasileira nos


representasse assim muito bem. Outro destaque brasileiro


é o internacionalmente reconhecido Cildo


Meireles, com seu labirinto com espaços coloridos


combinados com touch screen ou monitores que dão


o tom da cor em cada espaço. Finalmente, o vídeo da


Sara Ramo, espanhola radicada no Brasil, exatamente


em Belo Horizonte, com seu jogo de bola e parede


em brown-stone (paredes em tijolinhos), ao lado dos


espanhóis Vives e Bastué, justifica a presença dos vídeos


em bienais internacionais. A apropriação de um


apartamento todo vedado, tão interessante como o


jogo de bola e paredes da espanhola naturalizada brasileira


e mineira, são mesmo referências em termos


de vídeos. Por sua vez, Mark Lewis e Steve McQueen


justificam a presença dos curta-metragens. Eles são


do Canadá e da Inglaterra. Inaugurada a 7 de junho, a


Bienal Internacional de Veneza, a 53ª. edição, esteve


em cartaz até o dia 22 de novembro, um domingo.


Apesar de percalços, valeu à pena uma visita aos espaços


da Bienal, mesmo que em última chamada.


Na trilha de Veneza


Cildo Meireles


Tobias Rehberger, instalação Cafeteira


Fotos Divulgação


Braco Dimitrijevic, Future Post History


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