segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Música e poesia.

http://www.youtube.com/watch?v=yPwQw-cfGvc

"A Dança" de Pablo Neruda







Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio


Ou flechas de cravos que propagam o fogo:


Te amo como se amam certas coisas obscuras,


Secretamente, entre a sombra e a alma.


Te amo como a planta que não floresce e leva


Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,


E graças a teu amor vive escuro em meu corpo


O apertado aroma que ascendeu da terra.






Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,


Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:


Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,


Senão assim deste modo que não sou nem és,


Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,


Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.






Antes de amar-te, amor, nada era meu:


Vacilei pelas ruas e as coisas.


Nada contava nem tinha nome.


O mundo era do ar que esperava


E conheci salões cinzentos,


Túneis habitados pela lua,


Hangares cruéis que se dependiam,


Perguntas que insistiam na areia.


Tudo estava vazio, morto e mudo.


Caído, abandonado, decaído,


Tudo era inalianavelmente alheio.


Tudo era dos outros e de ninguém,


Até que tua beleza e tua pobreza


De dádivas encheram o outono.

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