Arte internacional by Morgan da Motta-ABCA/MG
Em um outro nosso texto, falamos que apesar de esforços
do competente curador geral, o sueco Daniel
Birbaum, o resultado é mais uma Bienal Internacional
de Veneza sofrível, ou seja, muito aquém da curadoria
de Roberto Storr em 2007, a única que deu um upgrade
em termos das edições dos últimos 20 anos.
Enfim, com curadores competentes (leia-se o geral)
e a maioria dos curadores adjuntos pretensiosos,
despreparados e fracos são os focos centrais de tais
insucessos. Contudo, como saldos positivos e principais
estão a restauração do Pavilhão Italiano que,
com seus arquivos e novos espaços, vai funcionar
nos Giardini no decorrer do ano, bem como o Cá
Giustinian que, por conseqüência, de acordo entre o
município de Veneza e a Bienal, retorna como módulo
histórico, completamente restaurado, e vai ser
aproveitado da mesma forma que o Pavilhão Italiano.
Bom para quem puder visitar a Itália neste final de
ano. Enfim, depois de 12 dias visitando os espaços
do Arsenale e do Giardini e o Festival de Cinema,
de maneira prática e objetiva, resta o que sugerimos
visitar até o final da Bienal (22 de novembro) sem
desperdício de tempo e energia. O ideal seria visitar
a exposição na primeira semana da abertura, ou
seja, na primeira quinzena de junho, deixando duas
semanas de setembro só para o Festival de Cinema.
Mas, ainda assim é possível planejar um roteiro de
visitas confortável. No Giardini ficam os pavilhões
dos diferentes países, a começar pelo maior de todos,
o da Itália, seguido doa Estados Unidos, Grã-
Bretanha, França, Alemanha e Espanha. Também lá
são destaques os pavilhões dos países escandinavos.
Em espaços menores estão o Brasil, o Japão, a Coréia,
a Argentina, a Venezuela. O destaque maior no
Pavilhão da Itália sem dúvida, é o alemão Tobias
Rehberger, que se apropriou do espaço da cafeteria
do Palácio das Exposições (Pavilhão da Itália) à fusão
dos móveis com as pinturas pop-art. A proposta
salta aos olhos. Logo em seguida, no Pavilhão dos
Estados Unidos, Bruce Naumann por si só representa
todos os Estados Unidos com seus trabalhos que
envolvem diversas mídias. John Baldessari, outro
norte-americano, também premiado pela contribuição
à arte contemporânea e por sua trajetória, deve
ser visto e revisto no Pavilhão da Itália. No Pavilhão
do Brasil, a única novidade é a bandeira no topo do
mini-pavilhão. Afinal, Luiz Braga e Delson Uchôa
comprometem o Brasil. O que esperar da seleção
feita por Ivo Mesquita, o curador da desastrosa Bienal
do Vazio, o fiasco que foi a última Bienal de São
Paulo? Lygia Pape e Cildo Meireles salvam a pátria
com seus espaços no módulo Arsenale, que vamos
comentar depois do Giardini. “Manhãs Douradas”,
do cineasta canadense Mark Lewis, são imagens
que por si só justificam seu prestígio internacional.
Outro cineasta, Steve McQueen, com seu filme que
mostra o Giardini abandonado e cheio de lixo e entulhos,
usa e abusa do seu poder de síntese e de crítica.
Era o Giardini antes das reformas e que vai ser utilizado
de agora em diante, no decorrer de todo o ano.
Filas e mais filas, meia hora antes de cada exibição,
provam, mais uma vez, como um único artista vale
por uma representação inteira. Finalmente, Dinamarca,
Finlândia, Noruega, e a Suécia, que conquistou
o prêmio de Melhor Curadoria, merecem mais
do que uma visita com seus diferentes módulos e
artistas, num total de 22, começando por Thoa Dolven
Balke, Massimo Bartolini Hernab Bas, Martin
Jacobson, Willian Jones, Terence Kobba, Jani Leinonen,
Klara Liden, Henrik Olesen, Vibeke Slyngstad
e Wolfgan Tillmans. Do Japão, vem Miwa
Yanagi; Grã-Bretanha, com Steve McQueen; Israel,
com Raffi Lavie; Portugal, com João Maria Gusmão
e Pedro Paiva; Principado de Monaco, pela primeira
vez na Bienal, com Philippe Pastor; China, com
Fang Lijun e Zeng Hao e, finalmente, a Espanha,
com Miguel Barceló, e a Venezuela, pelo conjunto
de artistas - Gabriela Croes, Magdalena Fernandez,
Daniel Medina, Antonio Perez, Claudio Perna, Bernardita
Rakos e Antoneta Sosa, compondo a melhor
representação de toda a América Latina.
Presença brasileira no módulo Arsenale
No Módulo Arsenale da Bienal Internacional de Veneza,
atração máxima das artes plásticas em território
europeu, temos brasileiros e alguns estrangeiros radicados
no Brasil nos representando muito bem.
O módulo Arsenale, para nossa alegria e orgulho, começa
com uma instalação da vanguardista brasileira
Lygia Pape, nascida em Nova Friburgo, em 1927 e
falecida no Rio de Janeiro, em 2004. Ela está presente
com “Laços Dourados” e “Formas Quadradas”, graças
ao Projeto Cultural Lygia Pape, com fotos de Paula
Pape e contribuição de colecionadores. Não era de
se surpreender que uma artista tão importante como
Lygia Pape para a arte contemporânea brasileira nos
representasse assim muito bem. Outro destaque brasileiro
é o internacionalmente reconhecido Cildo
Meireles, com seu labirinto com espaços coloridos
combinados com touch screen ou monitores que dão
o tom da cor em cada espaço. Finalmente, o vídeo da
Sara Ramo, espanhola radicada no Brasil, exatamente
em Belo Horizonte, com seu jogo de bola e parede
em brown-stone (paredes em tijolinhos), ao lado dos
espanhóis Vives e Bastué, justifica a presença dos vídeos
em bienais internacionais. A apropriação de um
apartamento todo vedado, tão interessante como o
jogo de bola e paredes da espanhola naturalizada brasileira
e mineira, são mesmo referências em termos
de vídeos. Por sua vez, Mark Lewis e Steve McQueen
justificam a presença dos curta-metragens. Eles são
do Canadá e da Inglaterra. Inaugurada a 7 de junho, a
Bienal Internacional de Veneza, a 53ª. edição, esteve
em cartaz até o dia 22 de novembro, um domingo.
Apesar de percalços, valeu à pena uma visita aos espaços
da Bienal, mesmo que em última chamada.
Na trilha de Veneza
Cildo Meireles
Tobias Rehberger, instalação Cafeteira
Fotos Divulgação
Braco Dimitrijevic, Future Post History
30135004
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