segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Na trilha de Veneza by Morgan da Motta.

Arte internacional by Morgan da Motta-ABCA/MG


Em um outro nosso texto, falamos que apesar de esforços


do competente curador geral, o sueco Daniel


Birbaum, o resultado é mais uma Bienal Internacional


de Veneza sofrível, ou seja, muito aquém da curadoria


de Roberto Storr em 2007, a única que deu um upgrade


em termos das edições dos últimos 20 anos.


Enfim, com curadores competentes (leia-se o geral)


e a maioria dos curadores adjuntos pretensiosos,


despreparados e fracos são os focos centrais de tais


insucessos. Contudo, como saldos positivos e principais


estão a restauração do Pavilhão Italiano que,


com seus arquivos e novos espaços, vai funcionar


nos Giardini no decorrer do ano, bem como o Cá


Giustinian que, por conseqüência, de acordo entre o


município de Veneza e a Bienal, retorna como módulo


histórico, completamente restaurado, e vai ser


aproveitado da mesma forma que o Pavilhão Italiano.


Bom para quem puder visitar a Itália neste final de


ano. Enfim, depois de 12 dias visitando os espaços


do Arsenale e do Giardini e o Festival de Cinema,


de maneira prática e objetiva, resta o que sugerimos


visitar até o final da Bienal (22 de novembro) sem


desperdício de tempo e energia. O ideal seria visitar


a exposição na primeira semana da abertura, ou


seja, na primeira quinzena de junho, deixando duas


semanas de setembro só para o Festival de Cinema.


Mas, ainda assim é possível planejar um roteiro de


visitas confortável. No Giardini ficam os pavilhões


dos diferentes países, a começar pelo maior de todos,


o da Itália, seguido doa Estados Unidos, Grã-


Bretanha, França, Alemanha e Espanha. Também lá


são destaques os pavilhões dos países escandinavos.


Em espaços menores estão o Brasil, o Japão, a Coréia,


a Argentina, a Venezuela. O destaque maior no


Pavilhão da Itália sem dúvida, é o alemão Tobias


Rehberger, que se apropriou do espaço da cafeteria


do Palácio das Exposições (Pavilhão da Itália) à fusão


dos móveis com as pinturas pop-art. A proposta


salta aos olhos. Logo em seguida, no Pavilhão dos


Estados Unidos, Bruce Naumann por si só representa


todos os Estados Unidos com seus trabalhos que


envolvem diversas mídias. John Baldessari, outro


norte-americano, também premiado pela contribuição


à arte contemporânea e por sua trajetória, deve


ser visto e revisto no Pavilhão da Itália. No Pavilhão


do Brasil, a única novidade é a bandeira no topo do


mini-pavilhão. Afinal, Luiz Braga e Delson Uchôa


comprometem o Brasil. O que esperar da seleção


feita por Ivo Mesquita, o curador da desastrosa Bienal


do Vazio, o fiasco que foi a última Bienal de São


Paulo? Lygia Pape e Cildo Meireles salvam a pátria


com seus espaços no módulo Arsenale, que vamos


comentar depois do Giardini. “Manhãs Douradas”,


do cineasta canadense Mark Lewis, são imagens


que por si só justificam seu prestígio internacional.


Outro cineasta, Steve McQueen, com seu filme que


mostra o Giardini abandonado e cheio de lixo e entulhos,


usa e abusa do seu poder de síntese e de crítica.


Era o Giardini antes das reformas e que vai ser utilizado


de agora em diante, no decorrer de todo o ano.


Filas e mais filas, meia hora antes de cada exibição,


provam, mais uma vez, como um único artista vale


por uma representação inteira. Finalmente, Dinamarca,


Finlândia, Noruega, e a Suécia, que conquistou


o prêmio de Melhor Curadoria, merecem mais


do que uma visita com seus diferentes módulos e


artistas, num total de 22, começando por Thoa Dolven


Balke, Massimo Bartolini Hernab Bas, Martin


Jacobson, Willian Jones, Terence Kobba, Jani Leinonen,


Klara Liden, Henrik Olesen, Vibeke Slyngstad


e Wolfgan Tillmans. Do Japão, vem Miwa


Yanagi; Grã-Bretanha, com Steve McQueen; Israel,


com Raffi Lavie; Portugal, com João Maria Gusmão


e Pedro Paiva; Principado de Monaco, pela primeira


vez na Bienal, com Philippe Pastor; China, com


Fang Lijun e Zeng Hao e, finalmente, a Espanha,


com Miguel Barceló, e a Venezuela, pelo conjunto


de artistas - Gabriela Croes, Magdalena Fernandez,


Daniel Medina, Antonio Perez, Claudio Perna, Bernardita


Rakos e Antoneta Sosa, compondo a melhor


representação de toda a América Latina.


Presença brasileira no módulo Arsenale


No Módulo Arsenale da Bienal Internacional de Veneza,


atração máxima das artes plásticas em território


europeu, temos brasileiros e alguns estrangeiros radicados


no Brasil nos representando muito bem.


O módulo Arsenale, para nossa alegria e orgulho, começa


com uma instalação da vanguardista brasileira


Lygia Pape, nascida em Nova Friburgo, em 1927 e


falecida no Rio de Janeiro, em 2004. Ela está presente


com “Laços Dourados” e “Formas Quadradas”, graças


ao Projeto Cultural Lygia Pape, com fotos de Paula


Pape e contribuição de colecionadores. Não era de


se surpreender que uma artista tão importante como


Lygia Pape para a arte contemporânea brasileira nos


representasse assim muito bem. Outro destaque brasileiro


é o internacionalmente reconhecido Cildo


Meireles, com seu labirinto com espaços coloridos


combinados com touch screen ou monitores que dão


o tom da cor em cada espaço. Finalmente, o vídeo da


Sara Ramo, espanhola radicada no Brasil, exatamente


em Belo Horizonte, com seu jogo de bola e parede


em brown-stone (paredes em tijolinhos), ao lado dos


espanhóis Vives e Bastué, justifica a presença dos vídeos


em bienais internacionais. A apropriação de um


apartamento todo vedado, tão interessante como o


jogo de bola e paredes da espanhola naturalizada brasileira


e mineira, são mesmo referências em termos


de vídeos. Por sua vez, Mark Lewis e Steve McQueen


justificam a presença dos curta-metragens. Eles são


do Canadá e da Inglaterra. Inaugurada a 7 de junho, a


Bienal Internacional de Veneza, a 53ª. edição, esteve


em cartaz até o dia 22 de novembro, um domingo.


Apesar de percalços, valeu à pena uma visita aos espaços


da Bienal, mesmo que em última chamada.


Na trilha de Veneza


Cildo Meireles


Tobias Rehberger, instalação Cafeteira


Fotos Divulgação


Braco Dimitrijevic, Future Post History


30135004

Nenhum comentário:

Postar um comentário